quarta-feira, 27 de abril de 2016

Reflexões sobre o futebol 5

Como toda atividade humana dentro de uma sociedade estratificada, os grandes ídolos são endeusados, atingindo um patamar de super-humanos. Partindo-se desta premissa espera-se deles um desempenho acima de qualquer humano, deixando-se de levar em consideração que este é suscetível a erros, inseguranças, velhice, necessidades básicas, tudo que poderia nivelá-los a nós reles mortais. Em um passado, onde um ídolo tiver uma proeza que marcasse época seria lembrado e marcado na história do futebol por gerações. O que não se diz é que este mesmo comportamento, como toda e qualquer atividade cria-se a expectativa do sempre, sempre se ter uma inovação, uma revolução, que este ídolo surpreenda a todos com jogadas acima da média toda vez que entrar em campo. Não se levar em consideração o aspecto humano é um erro crasso que poderá literalmente destruir não só a imagem do referido atleta, como sua vida pessoal. A mídia tem um papel preponderante na construção/destruição desta imagem. A irresponsabilidade com que se constroem e se destoem ídolos em prol de alguns pontos de audiência é uma estratégia desumana e desleal. Trabalha-se com a autoestima de seres humanos de forma impessoal e perigosa. Grandes veículos de informação, que monopolizam valores, atitudes e comportamentos, manipulam a vontade do grande público em função de mais verbas de publicidade diante de números crescentes de audiência são capazes de grandes atrocidades e estratégias desleais. Este sistema desumano mastiga seres humanos como predadores. Assim como este sistema, pessoas que projetam o sucesso e o fracasso pessoais em atletas que se destacam também produzem este tipo de distorção. Não me cabe definir o que é certo ou errado, apenas opinar sobre o que eu penso. O jogador de futebol é um funcionário do clube (uma verdade que, você gostando ou não, ela existe). Partindo desta premissa, ele só terá um rendimento satisfatório se ele se sentir satisfeito. Evidentemente a produtividade de cada jogador deve ser estimulada pelo seu respectivo clube, mas um pouco de compreensão não faz mal a ninguém. Um jogador que se empenhou em uma temporada decisiva e, por um descuido, por uma jogada genial do adversário, ou mesmo por uma tarde infeliz dele mesmo, o seu clube perde uma classificação, um título ou uma partida contra o seu principal adversário, deve ser crucificado por isso? A vida se pauta por erros e acertos, todos nos somos suscetíveis a eles. Saber o momento certo da crítica, do incentivo ou da cobrança é uma arte dominada por poucos. Cabe ao clube remunerar o atleta, dar-lhe suporte extracampo, valorizar seus triunfos e, principalmente, blindá-lo quando a torcida e a imprensa querem trucidá-lo por algum momento de revés. Cabe ao torcedor enaltecer seu ídolo de forma impessoal e imparcial. Não fazer das vitórias dele uma vitória pessoal, procurar em seu eu as respostas para a sua felicidade pessoal, manter o futebol como uma distração, um momento de lazer, uma forma de se distrair da luta diária. CADA UM COM A SUA VITÓRIA PESSOAL! A imprensa, imparcialmente, eleger o futebol mais vistoso, produtivo, artístico, de qualidade mesmo, levando-se em consideração apenas a arte e a técnica. Levar em consideração o futebol como reflexo dos frios números de audiência televisiva ou radiofônica, sem levar em conta o torcedor, o atleta e o clube, dentro de uma sociedade é desumano e desleal. Não criar ídolos de forma artificial e/ou sobrevalorizar clubes sem a devida comprovação empírica são atitudes temerárias. Todos os elementos inseridos neste contexto são maiores que os números da audiência! Atitudes como estas levam à superficialidade e não insere a discussão em parâmetros inteligentes e profissionais.

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Pacto social 1

Talvez seja um dos mais robustos instrumentos democráticos disponíveis em uma democracia de verdade. Penso o Pacto social como uma convergência de interesses, como uma tentativa sincera de convivência entre partes diversas. Transportando essas palavras ao “campo de batalha real” estamos falando em um “Jogo” onde se estabelece, para cada jogador, uma estratégia na qual se minimize as perdas e se maximize os ganhos. Na prática seria ganhar o máximo possível diante de algumas perda eminentes. A convergência de ganhos e perdas devem levar em consideração o longo prazo e o estabelecimento de uma interação social que levará NECESSARIAMENTE a uma meta razoável para todos. O ponto de sela seria formado em termos de uma negociação democrática e transparente. Sentados em uma negociação estariam os Empresários, os trabalhadores e os Governos, todos com interesses e objetivos diversos. O pacto social os fariam convergir em um determinado ponto, em um determinado objetivo. Qual é esse objetivo? Será discutido em uma mesa redonda convergindo interesses e satisfações. Para se maximizar objetivos acho “mister” ter-se alguns pontos divergentes. Trabalhadores que querem trabalhar pouco e ganhar muito vão de encontro aos objetivos dos empresários que querem produzir muito e desta produção extrair seu lucro e investir em mais produção e os governos que dessa maior produção extrai os impostos que o sustenta, tanto ao nível de despesas quanto ao nível de políticas sociais. Trabalhadores que trabalham demais e ganham pouco são pouco produtivos, pois trabalham insatisfeitos e oneram os governos em Previdência, saúde e segurança públicas. Estes mesmos trabalhadores movimentam pouco a demanda agregada da economia consumindo pouco e de forma insatisfatória, não têm expectativas de uma melhora profissional e permanecem com a mesma pouca produtividade. Esta situação descrita pressupõe uma situação de alto desemprego, onde a mão-de-obra está abundante e o empresariado, de forma mesquinha, maximiza seus ganhos através do custo do trabalho. O trabalhador, muito pressionado, estaria mais propenso a adoecer e/ou obter licença médica. Neste caso, tanto os empresários quanto o governo perderiam pois teriam um trabalhador a menos, tendo, no caso do empresário que substituí-lo à altura por determinado tempo ou definitivamente e o governo teria despesas com este mesmo funcionário com a saúde pública e/ou previdência. Trabalhadores que trabalham em uma quantidade de horas satisfatórias tendem a ser mais satisfeitos, a produzir melhor e a querer uma maior qualificação profissional. A melhor qualificação profissional vem de duas vertentes, ou da paixão daquilo que se faz, maximizando a satisfação deste mesmo trabalhador com suas funções, ou da obrigação de se manter e manter a empresa no mercado de forma produtiva. Subjetivamente falando cada um tem, em suas demandas, objetivos pessoais de satisfação. O importante é se ter a verdadeira noção da situação, dos sacrifícios que cada “jogador” terá que fazer e em quais objetivos pretendemos chegar. Um ponto ótimo para os trabalhadores seria um consumo individualizado, uma renda mínima para a adequação deste consumo, um nível de tributação do governo sem que se oprima demais a renda deste trabalhador e que ele tenha um recebimento de um mínimo de assistência governamental para uma maior e melhor segurança de todos.