terça-feira, 27 de abril de 2021

Liberdade x Livre arbítrio 1

Nos foi dado o privilégio do raciocínio, do pensar. Se você pensar bem, esse atributo nos diferencia dos outros animais. Não somos os que melhor enxergam, não somos os que correm mais, não somos os mais fortes, os que têm a melhor audição, não respiramos naturalmente em baixo d’água e tão pouco voamos por conta própria. A nossa maior habilidade é o pensamento. Partindo deste princípio imaginamos que podemos criar e estabelecer regras, criar coisas e intervir de forma efetiva no meio ambiente e na vida das outras pessoas. Todos esses comportamentos não são bons nem ruins em si. O que dá o valor às coisas é o impacto que elas causam à sociedade, aos outros. A democracia é a arte da convivência com o outro. Temos o direito de viver de acordo com nossas convicções e isso é muito salutar. O problema é tentar impor nosso “estilo de vida” aos outros, desrespeitando-o e até mesmo violando o seu sagrado direito de ser da forma que ele o é. A grande questão do texto é porque o outro e o seu estilo de vida me incomodam? Vale ressaltar que estamos distinguindo duas coisas. Liberdade e livre arbítrio. A liberdade é algo externo, depende da convivência social, das leis, costumes, tradições e do cotidiano das pessoas. O livre arbítrio depende da sua criação e o seu meio social. Depende da sua cultura e grau de escolaridade. Depende da sua crença individual e da forma com que você se insere dentro da sociedade. A nossa inteligência e criatividade impulsiona o nosso livre arbítrio, as nossas volições. Em perfeito funcionamento a nossa inteligência e criatividade, guiadas pelas nossas volições nos impulsiona, nos definem caminhos. O livre arbítrio vive em um universo paralelo onde podemos aquilo que queremos. A liberdade é bastante mais restritiva, por exatamente versar sobre os nossos atos e a convivência com o outro. Mais uma vez voltamos a um tema caro a este blog que é o tamanho do mundo. De que tamanho é o seu mundo. Quanto maior ele o for mais restritiva será a sua liberdade. Parece um paradoxo, mas não o é! Você tem o desejo, o livre arbítrio de algo. Esse livre arbítrio necessariamente irá esbarrar no direito, na cultura e na convivência social. Se não vivemos em uma ditadura, a democracia deve estabelecer a convivência pacífica entre os diferentes. Algumas liberdades são públicas, outras liberdades são privadas. A questão da repreensão às liberdades nasce necessariamente da questão da convivência, da questão da cultura. O bom senso deveria indicar o que ser público e o que ser privado. Alguns motivos pessoais nos remetem a recriminar o comportamento alheio. Esses motivos não devem transcender à cultura ou à legalidade. A convivência social, em seu escopo mais amplo, deve privilegiar a boa e pacífica convivência. Quanto mais abrangente são as relações, mais paramentadas elas devem ser, e melhor estruturadas elas precisam ser. Em sociedades dogmáticas, com pessoas dogmáticas, que se baseiam em “Clausulas Pétreas”. A omissão e a censura acabam que evitando conflitos sérios. Aos democratas a franca discussão. Aos dogmáticos o silêncio preventivo.

Nenhum comentário: