Você é o Bicho! 1

Conheci algumas pessoas que não faziam aquilo que gostavam. Algumas destas pessoas eram amargas e tristes, outras eram revoltadas e antissociais. Algumas se refugiaram nas drogas, licitas ou ilícitas, isso é irrelevante. O importante é que fugiam da realidade. Algumas destas pessoas não sabiam o que gostavam, o que queriam e muito menos o que fazer. A vida não lhes deu a livre arbítrio. Cresceram vendo seus pais seguindo o que era socialmente aceitável e lhes impondo o que deveria ou não fazer, o que deveria ou não gostar e a filtrar e censurar os seus desejos. Quando se fala em censurar desejos a primeira coisa que se pensa é em homossexualismo. Essa estreiteza de pensamento precisa acabar. O sexo é fundamental para a vida humana, mas não é tudo. Ele se insere em um contexto muito mais amplo e complexo. Ele está no rol das necessidades do nosso bicho. Ele está, ao lado da alimentação e do lazer, compondo tudo aquilo que nos faz feliz e vivo. Respeitando-se o livre arbítrio alheio, devemos respeitar e na medida do possível, satisfazer esse bicho. Você é o bicho, mas um bicho especial, um bicho que pensa! Isso faz toda a diferença! Tenha uma vida mais leve, use o seu raciocínio para satisfazer o seu bicho. Ouça a sociedade, mas mantenha a fidelidade ao bicho. Dentro de um planejamento financeiro, de uma dieta saudável, em termos de quantidade inclusive, e trabalhando por uma saúde preventiva, sem estresses ou fobias, procure ser feliz. Tudo isso parece muito óbvio, mas eu, por exemplo, demorei quase sessenta anos para conseguir fazer isso. Ainda estou engatinhando neste terreno aos cinquenta e oito anos de idade. Não se assuste se você se sentir isolado, o primeiro sinal que você está no caminho certo é o isolamento. Você incomoda, e muito! Ao invés das pessoas respeitarem e acatarem elas te isolam. Eu acho que elas se sentem questionadas pelo seu “modus vivendi”, nunca tive a resposta certa para esta questão. Certamente, dada a complexidade das origens das pessoas e suas culturas, existirão inúmeras razões para os motivos e as reações. As menos invasivas são a indiferença e o isolamento. As pessoas citadas no inicio do texto eram pressionadas a manterem uma vida que não era delas, a repetirem comportamentos que não eram seus e a desenvolver trabalhos que não lhes satisfaziam. Isso acarretou uma vida inteira de frustrações e em alguns casos levaram-nas a morte. Eu trabalhei com um senhor que morreu três meses depois da aposentadoria. Ele simplesmente ele não sabia mais viver sem o trabalho, não sabia o que gostava e muito menos o que queria. Passou uma vida inteira doutrinado e orientado pela sociedade. Fuja do estereótipo, do modelo, da doutrinação. Isso não significa que você tem que rejeitar doutrinas, ideologias ou religiões. Apenas assuma que as suas escolhas são escolhas suas. Tenha a liberdade de mudar a rota do seu dia-a-dia. Procure o que é melhor para você, respeitando a convivência com o seu semelhante evidentemente. Ouça muito, observe muito e fale apenas o necessário. Se afaste das pessoas que não respeitam suas escolhas. A sua solidão não durará muito. Você acabará, mais cedo ou mais tarde, encontrando pessoas que compartilham, pelo menos parcialmente daquilo que você acredita e pensa. Lembre-se que você deve ser a sua melhor companhia. Você é o bicho!

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Ao longo de nossas vidas observamos muitas coisas, aprendemos e apreendemos muitas coisas. Procuramos conciliar a multiplicidade de fatores que é a nossa existência. Somos seres complexos e as vezes nem nos damos conta disso. Trazemos dentro de nós a herança genética de nossos antepassados e as nossas vivências de antes da nossa total compreensão e apreensão da realidade que nos cerca. Todos nós somos assim! Temos assim a oportunidade de, assim que nos tornamos capazes de entender e racionalizar o mundo e a vida que nos cerca, escrever a nossa própria história. Evidentemente alguns fatores nos impedem de sermos totalmente livres. Dentro do capitalismo, a autossuficiência será o fator primordial. Você precisa, fundamentalmente ser o senhor do seu sustento. Se você for o seu provedor precisará ter a liberdade de ir e vir. Se você tiver a liberdade de ir e vir você terá de saber o que melhor lhe convém. Para você saber o que melhor lhe convém você terá que ter autoconhecimento. O autoconhecimento é uma busca incessante de um saber inesgotável. Essa busca pelo auto conhecimento leva em consideração os sentidos, a socialização e as suas pesquisas. Procure desenvolver seus sentidos, procure se relacionar com quem realmente tem algo a acrescentar em sua vida. Leia muito, estude assuntos que mexem com seus sentimentos. Procure ganhar a vida fazendo alguma coisa que você sente prazer em fazer. O prazer leva a felicidade, a felicidade leva a expectativa de ser mais feliz fazendo mais e melhor. Lembre-se que você, apesar de racionalizar a vida, é um animal e que possui instintos. Alimente o animal que há em você. Descobrir a sua natureza faz parte do autoconhecimento. Use seus conhecimentos para que você tenha uma vida melhor e mais produtiva. A sua produção vai depender de seus relacionamentos pessoais. Tenha em mente que existiram, existem e sempre existirão pessoas dogmáticas, ideológicas e que vivem segundo preceitos preestabelecidos. Seja pragmático, se afaste de pessoas que te condenarão pelo simples fato de você querer ser um ser em evolução. Você tem dois olhos, dois ouvidos e uma boca, ou seja, ouça muito, observe muito e fale pouco. À medida que você se sentir mais confiante e feliz observe o que conversar e para quem conversar. Pense que determinadas pessoas têm tudo para serem melhores e são pessoas horríveis. Esqueça as premissas de existência do capitalismo. Procure a satisfação pessoal sem perder de vista a própria sobrevivência. Se você não gosta daquilo que faz faça-o com inteligência e de forma satisfatória. Procure fazer aquilo que gosta mesmo que isso não lhe proporcione nenhuma renda. Tenha equilíbrio financeiro, não gaste mais do que você ganha. Procure proporcionar a você momentos de laser em que você satisfaça o seu corpo e a sua mente. Sinta a vida, proporcione alegria e bem estar no ambiente em que você convive. Não organize sua vida como uma linha de produção. Deixe seu corpo e a sua mente livres para a intuição e o desejo. Não converse com as pessoas como se fosse um mestre entre discípulos. Sempre racionalize se vale a pena externar seus conhecimentos. Leve em consideração o tempo que você levou para adquirir os seus conhecimentos e observe o seu interlocutor. Você não vai estar se achando melhor do que ele, apenas estará racionalizando se é viável a partilha de algo que demandou bastante tempo para construir.