domingo, 3 de setembro de 2023

Seres de outro mundo 1

É interessante perceber como o egocentrismo humano traz malefícios. Inúmeras ideologias e religiões foram criadas porque o ser humano se acha o centro do universo. O fato de se acharem o centro do universo as transforma em monstros, e o que é pior, protegidos por ideologias. Quantos ditadores e pessoas sem escrúpulos surgiram em nome de ideologias. Normalmente são pessoas que colocam a visão ideologizada a frente da visão de mundo. É como se estas pessoas estivessem de passagem em nosso mundo. São seres de outro planeta, um lugar melhor, maior e mais justo. A visão do paraíso cega e inebria. A pessoa perde a própria referência. O doutrinado, normalmente um membro de uma família patriarcal ou matriarcal tremendamente rígida, não tem gosto, atitude ou prazer. Aqui não é o lugar dele! Mas quem são as pessoas daqui? As pessoas daqui se dividem entre egocêntricos sem ideologia e a minoria de pessoas que querem fazer da nossa curta passagem uma passagem prazerosa e feliz. Os egocêntricos são múltiplos e difíceis de classificar. Como característica comum eles tem a falta de amor próprio e a incapacidade de escrever o roteiro de suas próprias vidas. Como eles não tem esta capacidade eles tentam acabar com a capacidade de outrem de serem maiores e melhores. Mas afinal de contas o que é ser maior e/ou melhor? Até nisso as doutrinas/ideologias impõem comportamentos. O capitalismo é o grão-mestre desta arte. Mas os outros ismos também não ficam para trás, apenas eles têm menos seguidores. Dá muito trabalho ser um ser humano em evolução. O simples fato de olharmos para dentro de nós mesmos nos imputa uma série de demandas que a maioria de nós não se prepara para fazer. Entender e assimilar a nossa complexidade não é uma tarefa fácil. A nossa postura ereta, o nosso cérebro provido de raciocínio e a liberdade com as mãos nos permitiu evoluir de uma forma fantástica. Passamos a construir e a desenvolver ferramentas, máquinas e teorias que nos diferenciaram dos outros seres vivos. O que nos atrapalha é a percepção da morte. O nosso egocentrismo refuta a morte de forma veemente. Criamos novos mundos, novas realidades, novos comportamentos pelo simples fato de tentarmos encontrar uma solução para o que não tem solução. Como todo ser vivo um dia morreremos! Isso angustia e tira o prazer de viver. Pensamos tanto, mas tanto na morte, que criamos novos mundos, novas realidades para satisfazer o nosso ego. Para melhor sobreviver, os egocêntricos montam grupos em torno de gostos ou ideologias. Estes agrupamentos humanos sempre vão querer impor seus gostos, suas ideologias a outros grupos. O conflito é inevitável! Os seres humanos acham mais prático o conflito que a aceitação da diferença. A formação de novos grupos tem diversos nascedouros. Essa diversidade demanda o respeito a convivência, que demanda novas legislações de proteção à vida. O fato de os ideólogos mais radicais não aceitarem passivamente a existência de outros grupos os faz imputar aos outros aquilo que eles mais temem a si mesmos... A MORTE! Está aí, baseada no egocentrismo e na não aceitação da morte a grande causa do sofrimento humano. Sofrimento este causado a si e aos seus semelhantes. Angustias, medos e incertezas fazem da vida das pessoas um verdadeiro tormento. A ideologia vem para tentar suprir e apaziguar esse tormento transformando-nos em seres interplanetários. Estamos aqui, mas não sabemos viver aqui, não gostamos daqui e nem nos interessamos em melhorar a vida aqui. Não nos vemos como agentes modificadores da sociedade. Fechados em nossos grupos não enxergamos muito além de nós mesmos. E essa visão de vida é baseada em teorias/ideologias. Construímos as nossas próprias infelicidades em cima de dogmas e conceitos!

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