segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Paralelos históricos 1

Tudo que começa errado acaba errado. Vasco da Gama tinha recentemente descoberto as Américas e Portugal, uma potência náutica à época, não podia ficar para trás. Por dedução acharam que na mesma direção em que foram encontradas as Américas, mais ao sul, encontrar-se-iam novas terras. Uma empreitada sem garantias, sem nada certo. A tripulação só poderia ser formada por marujos que não tinham nada a perder. O nível dos marujos que embarcaram aqui não foi dos melhores, pois na situação em que se encontravam era uma alternativa tentar uma vida nova em um lugar novo. O povo português não tinha a tradição fabril e procurou exercer uma ocupação extrativista, ou seja, chegar pilhar e sair. Como a principio nenhuma riqueza foi encontrada, Portugal não se interessou pelas novas terras. O interesse de outros povos como os Franceses e Holandeses fizeram-nos voltar-se para as novas terras. Sempre fomos segundo plano, nunca tivemos importância para os grandes centros da época. Vem daí o estigma de achar que as coisas nunca vão melhorar para a população. O extrativismo do Pau-Brasil e logo depois o cultivo da cana-de-açúcar se encarregou de trazer a população para cá. Não quero me alongar em detalhes importantes que não são o foco deste texto, apenas quero me focar no ponto em que os Capitães Donatários que aqui chegaram tinham um poder praticamente divino. Ocuparam-se as terras para depois, através das novas demandas, satisfazer os novos habitantes. As ocupações não planejadas começaram desde o nosso descobrimento. Aliou-se uma população sem nível e uma elite sem limite. Em uma ocupação sem planejamento improvisa-se de tudo, pois não há nada disponível para que se comece algo. O jeitinho brasileiro vem exatamente da falta de estrutura e da necessidade imediata. As invasões e a posse de terrenos desconhecidos também têm o seu pesinho em nossa colonização. Dando continuidade à ocupação extrativista, os Portugueses intermediavam a compra de bens necessários à colônia, pois não os produzia, e tirava dela toda a riqueza que podia. O atravessador também veio com a colonização dos Portugueses. Em uma sociedade hierárquica, de títulos de nobreza, de religião majoritariamente católica (totalmente hierarquizada) todos querem ter títulos e ser melhores que os outros. Surge daí as diferenciações pelo consumo, a elite portuguesa consumia os produtos têxteis ingleses e vendia seus vinhos. Como a produção têxtil era superior à do vinho começou-se a transferir as riquezas das Américas para a Inglaterra em troca de produtos têxteis diferenciados para as Elites de Portugal e Espanha. Vem também daí a expressão “você sabe com quem está falando?” O objetivo deste texto é debater atitudes que, em minha modesta opinião, são simplesmente a repetição de erros do passado, desprovidos de senso crítico e reflexões históricas. É muito mais cômodo continuar errando no mesmo lugar que tentar-se um caminho novo e pessoal. Em uma sociedade competitiva a superioridade vem do trabalho e da diferenciação pela produtividade e conhecimento. Na sociedade extrativista ela vem da força e da exploração da mão-de-obra. Este texto encontra- se publicado no blog http://trololochacalete.blogspot.com.br/.

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