domingo, 10 de maio de 2020

Democracia e infância 1

A nossa importância dentro da democracia é muito, mas muito maior do que imaginamos. Pensamos que a estrutura de poder existe e não podemos fazer nada quanto a isso. O povo é desunido e não podemos nada quanto a isso. Isso é um erro. Temos que pensar a sociedade de forma atemporal. Somos perecíveis, mas a sociedade não. Temos tempo definido, a sociedade não. Não importa se viemos de uma família estruturada ou não. Temos que mostrar às novas gerações que elas são o instrumento da mudança. Temos que mostrar elas a importância de sermos altruístas. A introspecção nos conduz à solução de nossas dificuldades estruturais. É verdade que em um país com classes sociais bem definidas, com diferenças de renda absurdas, onde a classe dominante tem um dos maiores veículos de comunicação do mundo em seu favor fica complicado você disseminar a democracia por toda a sociedade. Fica implícito aos menos favorecidos que eles não têm direito à riqueza que eles mesmos produzem. Ter um veículo de comunicação que trabalha para a manutenção das diferenças sociais (objeto talvez de um novo texto) mais atrapalha do que ajuda. O sentimento de inferioridade está estruturalmente introjetado na cabeça dos trabalhadores e dentro das classes monetariamente menos favorecidas, seja pela falta de liberdade dada aos trabalhadores, sejam pela propaganda oficial ou pior ainda, pelo exemplo negativo dado pelos governantes que, quando são alçados ao poder fazem questão de serem tratados como “diferentes” devido aos cargos eletivos aos quais foram alçados. Esse sentimento suscita políticas de inclusão que na verdade são “pequenas esmolas” dadas tanto pela esquerda, quanto pela direita. O fundamento das democracias não são os empresários ou os governos distribuindo as sobras de suas riquezas, não são os governos e os empresários distribuindo “pequenas migalhas de um bolo imenso” para aplacar a fúria de uma sociedade que poderia ser consciente de seus direitos. Não é a grande imprensa “canonizando” essas “distribuições de migalhas” como uma grande coisa feita aos trabalhadores. Democracia é você respeitar os direitos dos outros e ser consciente dos seus deveres sociais. É você ter acesso e se interessar por tudo aquilo que diz respeito à sua cidadania. Uma sociedade democrática e estratificada requer cidadãos responsáveis e politicamente engajados. De onde vêm os cidadãos responsáveis e politicamente engajados? Sim, das famílias! Não é nenhum discurso preestabelecido, não é nenhuma imposição de autoridades que formam uma sociedade. A formação de uma verdadeira sociedade democrática está no exemplo dado pelos pais, pelos governantes e pelos empresários. Não adianta nada você conceituar às crianças o que é correto se você não pratica o correto, não adianta você criar políticas juridicamente perfeitas e ter um sistema de repressão robusto se quem escreve e impõe à sociedade tais leis trabalha de forma incessante para burlar tais leis ou regras. As novas gerações são educadas muito mais com o exemplo do que qualquer outra coisa!

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