quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Distorções de mercado 1

Os manuais de economia nos ensinam que a formação de preços se dá através da fórmula P = CF + CV + L, onde P = preço CF = custo fixo CV = custo variável e L = lucro, tudo muito bonito e formal. Suponhamos que um produtor inove e produza algo diferente. Este produtor teve um custo ao longo de um período para encontrar um produto que atenda um determinado nicho de mercado nunca antes explorado. Segundo os manuais de economia, os custos desta inovação poderiam ser diluídos no custo fixo futuro, pulverizando-o na formação do preço, ou no lucro. Este produtor estaria cobrando o preço de ter sido inovador e “revolucionário”, além de estar sendo ressarcido pelo custo de investimento . Pesquisas de mercado informam a este empresário o quanto um consumidor estaria disposto a pagar pelo produto, campanhas de “marketing” podem induzir o consumidor que o consumo deste produto o diferenciaria do restante da população. Em uma sociedade estratificada, o consumo é indicador de diferenciação entre consumidores, maior nível de renda, maior a possibilidade de produtos diferenciados. Com este raciocínio voltamos ao tema da estabilidade econômica e a possibilidade de, através de um equilíbrio econômico, qualquer consumidor adquirir qualquer produto. Com a estabilidade econômica e o nível de informação às pessoas caminham para a estratificação social através da cultura, abolindo a estratificação pelo nível de renda. O nível atual de informações trás em seu bojo um leque maior de produtores do mesmo produto a preços de mercado. O aparecimento da concorrência poderá produzir dois tipos de reações do mercado. O produtor “pioneiro” poderá investir em sua marca, dizendo que a mesma é a mais tradicional e, portanto a melhor, ou investir em inovações tecnológicas para que o seu produto volte a ser diferenciado. Neste ponto voltamos a dicotomia conservadores x liberais, ou seja, o conservador o produzirá com fidelidade ao primeiro produto e fará todo o marketing de seu produto em cima deste argumento. O liberal por sua vez fará toda a publicidade em função da procura de inovações e melhoria do produto.

3 comentários:

Unknown disse...

Hoje serei obrigado a discordar de você, meu amigo. Acho que isso que você chama de estratificação cultural nunca existiu, e nunca existirá (não como uma variável econômica). Penso que uma estratificação cultural se deve mais a fatores como discriminação e preconceito. Todas as pessoas tem a necessidade de participar de ao menos um grupo com o qual compartilhem preferências pessoais que favoreçam a sua interação social, dentro daquele grupo. Essas são as tribos sociológicas, das quais eu considero exemplos as religiões e os admiradores de um determinado gênero musical (metaleiros, pagodeiros, etc.). Assim, assumir que uma determinada manifestação cultural valha mais do que outra é fazer um juízo de valor baseado em suas próprias preferências (que provavelmente estarão alinhadas com as do grupo ao qual você pertence). Bom, e como isso se relaciona com o consumo e a inovação? Acho que quem inova o faz para "ditar tendências" aos membros de um determinado grupo, que se tornarão padrões de consumo/comportamento quando forem aceitas (o marketing trabalha bem isso). Assim, a pessoa continuará fazendo parte de um grupo, mas este grupo será cada vez mais diferente dos demais, afirmará cada vez mais sua identidade, que se tornará também a identidade da pessoa que, nesse estágio, estará totalmente absorvida pelos costumes do grupo ao qual pertença. (Continua...)

Unknown disse...

Mas eu sei que esta minha forma de pensar é um pouco falha, pois eu ainda não consigo explicar algumas coisas com ela, principalmente aqueles fatos que escapam da lógica racional da maioria dos seres humanos. Um exemplo: em um dos raros dias em que eu assisto televisão, vi uma propaganda da AVON, em que a empresa anunciava uma nova linha de cosméticos enriquecida com ouro 24k - batons, esmaltes, e aquelas coisas cujos nomes nós homens nem ousamos pronunciar... Tirando as bobagens que vieram á minha mente no momento em que eu vi aquilo (tipo, vocẽ beijar uma mulher que está usando um batom desses e ficar com gosto de metal na sua boca, ou então uma mulher usando um esmalte desses ficar preso naquelas portas giratórias de banco "sem saber o porquê"), várias perguntas vieram à minha mente: pra que raios fizeram isso? O que se passa na mente de uma pessoa que compra uma coisa dessas??? Não faz sentido!!! Pra mim, isso não passa de desperdício de bom ouro, que poderia estar sendo usado em causas mais nobres... Bom, vi que em seu blog você tem algumas SEGUIDORAS. Talvez elas nos ajudem com essas respostas... O fato é que alguém deve tê-las, porque senão esse produto não teria sido feito. E o fato é que, provavelmente, a AVON vai "rachar de ganhar dinheiro" com ele... Um grande abraço, meu amigo.

Trololo disse...

Meu caro Luiz a estratificação social foi um neologismo criado por mim mesmo, realmente não existe, isso nada mais foi que uma provocação. Eu quis dizer que a análise quantitativa nem sempre nos remete a uma análise real. O consumo em si é uma variável pouco racional porque é norteada pela preferencia pessoal. A racionalidade passa ao largo deste tipo de variável. Quanto ao consumo dos produtos com ouro, pense nisso como uma jogada de marketing, como uma forma de diferenciar as consumidoras deste produto. Olhem para mim, “eu uso batom de ouro!” Você já prestou a atenção para o fato de que, depois que as mulheres engrossaram de forma vigorosa o consumo de cigarros, como a variedade do produto cresceu?