sábado, 5 de fevereiro de 2011

CONSUMO 2

Existe o mito de se falar que a população brasileira melhorou e que, através do consumo, a população brasileira evoluiu. A população brasileira realmente evoluirá quando o consumo suprir as necessidades básicas de sobrevivência de todo e qualquer brasileiro (primeiro degrau da pirâmide de Maslow). É bobagem você pensar em enriquecimento individual em uma sociedade extremamente desigual. O hiato provocado pela sua riqueza, na sua região, tenderá a provocar mais violência. Em uma sociedade estratificada, onde o consumo é norteado pelo marketing (de toda espécie), o consumo poderá apenas significar o aumento nas vendas de determinado produto. O consumo se qualificará quando levar em consideração um universo de variáveis que maximizarão a satisfação do indivíduo enquanto consumidor. Elementos como gosto pessoal (que deveria ser o primeiro item quando se fala em consumo), custo - benefício, necessidade e cuidados com a saúde e o meio – ambiente, compromisso da empresa produtora com a natureza e a cidade deverão nortear o consumo de forma a qualificá-lo. A qualificação do consumo leva a uma melhor expectativa de vida dos produtores e consumidores, uma otimização dos gastos em todas as instâncias e a diminuição das diferenças das classes sociais. A liberdade de escolhas e a informação quanto a estas escolhas levarão a uma sociedade mais democrática e saudável. A manipulação da informação nos grandes meios de informação leva a um direcionamento de consumo que nem sempre maximiza o ganho social, levando ao favorecimento de grandes grupos que detêm meios financeiros em detrimento do bem - estar coletivo. As campanhas de venda de automóveis em um trânsito sobrecarregado e caótico é um claro exemplo de marketing para o favorecimento de um determinado grupo em claro prejuízo social.

4 comentários:

Unknown disse...

Concordo com tudo o que você citou, mas acho, sinceramente, que isso faz parte de um cenário futuro que hoje pode ser considerado ideal e, por consequência, utópico. Infelizmente, isso que você chama de "qualificação do consumo" vai contra toda a lógica do capital. Uso um exemplo até meio teórico, mas que acho que serve para ilustrar isso. Temos na ciência da Administração uma área que diz respeito à departamentalização (formas de organizar empresa/entidade para melhor alcance de seus objetivos). Uma das formas existentes é a chamada departamentalização por clientes, cujos pressupostos, a grosso modo, vão exatamente de encontro a isso que você chamou de "qualificação do consumo" na ótica do cliente: eles são diferentes entre si, tem necessidades diferentes, e devem ser "atendidos" respeitando-se essas diferenças. E isso sai caro. Faço referência, até, ao ponto de vista da Ford à época do famoso Ford T: o cliente pode ter o carro da cor que ele desejar, desde que esta cor seja preta. É claro que as coisas hoje não são tão radicais assim - o mercado consumidor evoluiu ao longo do tempo, soube mostrar melhor suas necessidades, e para as empresas isso teve um custo. Isso é praticamente um axioma: diferenciação onera o produto final. Que fique bem claro que eu não estou, em momento nenhum, defendendo a posição empresarial capitalista radical espremedora de dinheiro; mesmo por que sou muito mais adepto a correntes que valorizem a liderança globalmente responsável. Mas coloquei tudo isso aqui para lançar a seguinte pergunta, em um ambiente totalmente macro: como departamentalizar a sociedade atual em um modelo por cliente para atender ao planeta como um todo?

Trololo disse...

Luiz, agradeço a você o comentário e espero sua presença neste blog mais vezes. Quando eu me referi a qualificação do consumo eu estava enfocando estritamente as demandas por consumo qualificado, ou seja, o consumidor optar por produtos que maximizem sua satisfação e sejam produzidos por empresas politicamente corretas. Critiquei o fato de que a imprensa em geral qualifica como classe média pessoas sem cultura nenhuma apenas porque tiveram um aumento nominal de renda. Como consumidores nós devemos nos importar com a qualidade do que consumimos, a questão do custo disso deve ser avaliada por empresários do setor que maximizarão seus ganhos e, investindo em melhores tecnologias, extrairão lucro de seus negócios. Meu amigo, a oportunidade de melhores negócios está com o consumidor e suas demandas, acredite em mim. A departamentalização por cliente usará o marketing para transformar um cliente em vários. Através de campanhas e publicidades o que era indivíduo, tornasse-a coletivo. A oferta se adequará a demanda e o lucro será maior que antes, COM CERTEZA!!

Unknown disse...

Com certeza, o importante (e necessário mesmo) é "unificar as necessidades de consumo, fazer com que o desejo de um se torne o desejo de vários - e o Marketing faz isso muito bem... Mas, como de certa forma estamos "à mercê" dos fornecedores de bens e serviços (por mais errado que isso pareça, porque o correto seria a situação inversa), é melhor que essa necessidade coletiva seja direcionada a coisas que REALMENTE atendam à coletividade. Gostei da sua qualificação da nova classe média (gente que só teve mesmo um aumento nominal de renda), porque isso explica porque a propensão ao consumo de coisas desnecessárias cresce cada vez mais (e dá-lhe BBB... Será que eu vou viver até ver a última edição desse programa?). De qualquer forma, você tocou também em satisfação. Eu entendi essa satisfação como "utilidade", ou eu estou errado? É tipo aquele velho axioma: um pedaço de pão de ontem oferecido ao Bill Gates tem um efeito totalmente diferente do que o teria se fosse oferecido a um dos vários pedintes que vagam pelas ruas de nosso país. Tudo bem, o exemplo foi muito radical, mas veja só onde eu quero chegar: boa parte do consumo supérfluo atual, que de certa forma alimenta a indústria da inadimplência e o mercado de crédito, é propiciado pelo desejo a produtos que não foram feitos para a "nova classe média", vamos dizer assim, mas que para eles gera uma satisfação muito maior do que àqueles para os quais foram originalmente projetados: as classes mais altas. Mas e a utilidade? Será que também é proporcional? É intrínseco ao ser humano almejar coisas que ele normalmente não pode ter. Ah, e me desculpe se por ventura estivermos em uma "fuga ao tema" proposto, mas estes são pontos que eu gostaria de discutir também, se tivermos a oportunidade. Um grande abraço, meu caro!

Anônimo disse...

Caro Luiz, a satisfação pode sim ser considerada utilidade partindo-se do pressuposto de que estamos maximizando a satisfação do consumo com coisas úteis e necessárias. Você foi o feliz ao citar o BBB (sic), o consumo da t.v. aberta nos empurra com força à t.v. fechada (se bem que lá tbém tem BBB). Ajude-me a construir idéias bacanas comentando mais vezes neste espaço meu caro sua presença é IMPRESSINDÍVEL!!!! ABRAÇOS!!!!